Reflexões de uma jornalista em upgrade perdida em terras romano-portuguesas (e bacalhoeiras!)
domingo, outubro 14, 2007
quarta-feira, outubro 10, 2007
aparências
- Bom dia, menina!
E eu respondi:
- Bom dia para a senhora também!
- É brasileira, a menina?
- Sou, sim.
Gostaria de dizer outra coisa, só para variar, mas o sotaque não engana.
- Tenho muitos conhecidos no Brasil, mas nunca lá fui. Se eu ganhasse no Euro Milhões haveria de girar este mundo todo...
Enquanto ela externava seus sonhos milionários, eu olhava para o relógio somente para confirmar o que já sabia, o ônibus da universidade estava atrasado de novo.
- E a menina está há muito tempo em Portugal?
A pergunta trouxe-me de volta para a parada de ônibus.
- Já estou aqui faz um ano.
Respondi um "bocado" contrariada. Era cedo, não costumo trocar mais do que meia dúzia de ruídos pela manhã.
- E veio estudar, é?
- Sim, estou fazendo mestrado.
- Tenho um filho que é engenheiro, e o outro está fazendo medicina. A minha menina é fisioterapeuta...
E a lista de filhos continuava, todos com profissões consideradas de alto estatuto. Comecei a pensar o quanto era curioso como uma senhora tão simples, que varria as ruas, tivesse uma família assim, com um grau de escolaridade elevado. De repente, como se tivesse levado um choque cerebral, passei a recriminar este meu pensamento, que cabeça mais cheia de estereótipos!, pensei. Por que a mulher não poderia ter criado os filhos assim? Percebi que este tipo de concepção social é tão profunda no nosso pensamento que dificilmente conseguimos nos livrar dela.
- Tenha um bom dia!
Desejei do fundo do coração. Uma bela lição de vida.
Subi, passei meu cartão na máquina, dei bom dia ao motorista e pensei... será que o motorista do ônibus tem um filho astronauta?
data especial
o último post 99 do blog italiano foi em 10/10/2006
essas coincidências loucas da vida (internética)
o anterior porém tinha 3 anos de vida, este apenas 1
quando comentei o fato com minha mãe ela perguntou:
- quer dizer que você escreveu mais aqui do que na Itália? por que?
eu respondi que sim, e atribui ao fato de estar sozinha, provar muitas sensações
acho que é isso, o sofrimento, a saudade e a distância são molas mais potentes para externar sentimentos
desejo ao meu blog mais posts em menos anos
obrigada pela companhia
beijos
terça-feira, outubro 09, 2007
ausência
se te procuro, já estás, enlouqueço.
quando fui?
quando chegaste, se não vejo?
meu desespero é a procura,
minha loucura,
teu beijo.
sábado, setembro 29, 2007
velhas memórias
o processo de envelhecimento é decisamente difícil de aceitar. não estou a falar somente do nosso envelhecimento, mas os dos outros. vivemos em uma sociedade performática, acelerada e, principalmente, de pouca memória. mas essa mesma memória é também rígida e, por vezes, seletiva. temos dificuldade de abandonar a imagem que tínhamos dos nossos pais quando estes eram grandes, auto-suficientes, super-heróis. conseguir ver a fragilidade que pode trazer o efeito dos anos é um exercício mental muito grande. um simples episódio como retirar dinheiro no caixa automático, pode ser revelador. hoje é um dia chuvoso aqui em Braga, e realmente não sinto a menor vontade de sair de casa. sendo assim, dei meu cartão do banco à minha mãe para que ela pudesse retirar dinheiro e comprar algumas coisas para casa. menos de 5 minutos depois ela retorna à casa dizendo que o mercado estava fechado e, por isso, não teve necessidade em levantar o dinheiro. natural, não? se não fosse pelo ar constrangido do seu rosto. passadas algumas horas, perguntei se ela não queria descer para comprar as tais coisas. ela insistiu para que eu fosse junto. chovia, eu de pijamas, na minha individualidade e egoísmo, falei: mas mãe, é aqui embaixo! vai lá! foi quando ela disse: eu não falei a verdade, na realidade não consegui retirar foi o dinheiro. fiquei um momento incrédula, como é possível! tinha dito exatamente, passo-a-passo, o que era para fazer. ela ali, me dizendo que havia tentado duas vezes e nada, a tela não mudava. impossível! dizia. acabei descendo, ainda transtornada. como pode, minha mãe, que sempre fez tudo sozinha, não conseguir sacar dinheiro, ainda se estivesse escrito em japonês! descemos. entreguei o cartão à ela. tentou 3 posições diferentes antes de acertar. apareceu a tela, como havia dito, para colocar a senha: e ela... e ela... começou a apertar no vidro e satisfeita disse: não falei! agora não sai daqui! mãeeeeee, please, tá vendo este teclado aqui! aperta os números ali!!!!
quinta-feira, setembro 27, 2007
reflexos do sol
terça-feira, setembro 18, 2007
segunda-feira, setembro 17, 2007
Recomendação de Leitura
E se somente estivermos realmente vivos se nos comprometermos com uma intensidade excessiva que nos coloca além de uma "vida nua"? E se, ao nos concentrarmos na simples sobrevivência, mesmo quando é qualificada como "uma boa vida", o que realmente perdemos na vida foi a própria vida?
Bom início de semana!
domingo, setembro 09, 2007
Fechando ciclos
quarta-feira, setembro 05, 2007
terça-feira, setembro 04, 2007
lendro & leonardo
2- preciso de dinheiro
3- preciso de uma mente brilhante
4- preciso de alguém ao lado
5- preciso terminar meu pp
6- preciso de um emprego
7- preciso de uma soneca
8- preciso parar de precisar
9- preciso aprender a enxergar