quarta-feira, janeiro 30, 2008

Eu & Ela


Ela não sabe quem sou. Parece que não me quer enxergar. Eu sou parte dela, moro em um ângulo tão escondido que o quotidiano engoliu com os seus dias. Nem eu acreditaria em mim, se ela assim habitasse minha alma. Embaixo da poeira da velha mobília que habita este peito, cheio de mágoas e rancores que desordenados tiram a beleza do que traz dentro. Ah, se ela soubesse o quanto é linda por dentro! Se ela pudesse abrir as janelas da alma e deixar a luz entrar para reflectir o que de belo partilhamos juntas, como se o Sol pudesse iluminar memórias. Sacudir a poeira, arrumar a casa, colocar a alegria colorida da esperança no amor. Ela esqueceu-se daquele canto. E certamente, não sabe que aqui me escondi. Mas confesso que foi uma brincadeira de menina. Achei que ela um dia me encontraria. Mas ela desistiu de lutar, de procurar, e comigo não quis mais brincar. Aos poucos foi fechando todas as janelas e o breu tomou conta da sala, antes tão aconchegante e terna. Não a julguem pelo que hoje aparenta ser. Antes disso, ajudem-na a olhar com os olhos de outrora, com as memórias das nossas cantigas de roda, laços de cetim e príncipes encantados. Estou atrás do grande armário escuro, onde nem a luz consegue chegar se a força para tirá-lo do caminho não for verdadeira. Sinto sua falta. E ela… não sabe ainda o quanto a minha ausência fez dela o que muitos chamam: excelência! É por isso que não tenho rancores que ela me tenha esquecido. Sei o quanto deve ser difícil tirar uma máscara quanto nossa alma está acorrentada. Enquanto isso, espero paciente pelo amanhecer de uma nova vida. Uma luz tão inebriante que possa rasgar o seu ventre para que finalmente, ela me encontre no espelho.


segunda-feira, janeiro 28, 2008

indo bem para nenhum lugar


Isto tudo não faz sentido nenhum!
O que faço não reflecte o caminho que estou buscando traçar.
Ou eu largo tudo e me dedido a esta merda ou acho melhor esquecer essa vida dividida.
Onde é que algumas pessoas vão encontrar as forças para levar a vida que eu tanto gostaria de levar? E onde estará a minha força para não o fazer? Ou melhor, onde está a força que me bloqueia o caminho? E por que não me dedico mais então?
Uma vida dupla onde o prazer não está no trabalho quotidiano.
Pare! Aceite! Viva! Amadureça!
A verdade é que me sinto tão cansada disso tudo. De não ter metas, ou de abandonar metas ao longo da estrada mas ao invés de mudar a direção, parece que sou sempre obrigada a concluir o percurso!

domingo, janeiro 27, 2008

Para ninguém



Foi quando o teu toque multiplicou meus pensamentos.
E o teu invisível partiu-me ao meio.
Estava nua de mim e quem gozava era uma outra.
Uma de quem não ouso olhar as sombras.
Quanto mais ela saía, mais você ria.
Enquanto eu transbordava em lágrimas.
A dor que nascia, os pardais jamais sentiriam.
Busquei então este vôo desconhecido.
Completamente sem sentido.
Traída pela razão mundana, a cada giro.
Mas enfim acabou, a luz acendeu, a dor sossegou.
Mas foi como ordinária, que me fizeste ouvir tuas palavras em duo.
Lavada de uma sabedoria de onde?
Quem é esta em mim?
Palavras para dois.
Inúteis!

[,][.][;]


Achei que o ponto seria a nova casa.
Vírgula,
Pensei que no teu novo amor, sossegaria.
Vírgula,
Certa então, que a conversa franca resolveria.
Vírgula,
Que a tua distância bastaria.
Vírgula,
Foi quando percebi que não adiantaria,
você em mim ficaria,
como marca daquele dia,
que o sim uniria.
Vírgula,
E mesmo com a nova vida que viria,
eu não conseguiria,
achar a medida, do ponto, na vírgula.

domingo, janeiro 20, 2008

Eu dou. Você tira.
Eu pago. Você desafia.
Eu cheiro. Você arrepia.
Eu morro. Você...
Alegria!

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Não tenho tempo para você.
Para as suas lamentações medíocres.
É sempre a mesma coisa, o mesmo discurso.
Estar ocupada não quer dizer não ter tempo.
Você lamenta demais.
Além de pensar demais.
Digo que não serve para nada.
Enquanto você perde tempo reclamando poderia estar fazendo coisas muito mais produtivas.
Poderia olhar para mim com mais cura.
Essa merda de tempo!
Achas mesmo que eu acredito nesta mentira?
Achas que sou tão estúpido assim?
Qualquer dia tua surpresa será grande.
Não terás tempo de respirar.
Vai ser rápido, mas não indolor.
As tuas brincadeiras, a tua ignorância.
Isto tudo tem um preço, sabias?
Enquanto finges não ver, eu vou ficando de lado.
Arrasado, esmagado, dolorido, inchado...
Não vês que sou teu?
Não vês que deverias me amar?
A verdade é que me consideras imortal.
Achas que eu nunca irei embora.
Escuta! Eu sou de carne e osso!
Um dia eu irei embora.
Não posso suportar isso por muito tempo.
Olha para mim.
Ama-me!
Por favor...

terça-feira, janeiro 08, 2008

Andanças

Este final de ano foi repleto de novas experiências, novos horizontes, proporcionados pelas tantas viagens que fiz. O Natal foi em Santiago de Compostela, lugar de uma energia ímpar, com suas ruas estreitas e suas construções do século XIII. Fui com minha mãe, era seu sonho poder conhecer Santiago. Fiz essa viagem um ano atrás, quando fui passar a virada do ano 2006/2007 nesta cidade. Na altura ela estava na Itália e lembro-me bem de ter comentado: "ainda te trago aqui". Incrível!
Para mim, este ano o reveilon não foi na Espanha, mas na Holanda. Um meu grande sonho! Direi que 2007 foi encerrado com chave-de-ouro. Realizando sonhos, viajando, conhecendo novas culturas e pessoas. A melhor parte foi poder partilhar com quem amamos.
Algumas fotos estão no flick (barra da direita ou se preferir clique aqui).
Viaje comigo nas minhas andanças!

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Angústia

angústia
[Do lat. angustia.]
Substantivo feminino.

1.
Estreiteza, limite de espaço ou de tempo.
2.
Ansiedade ou aflição intensa; ânsia, agonia.
3.
P. ext. Sofrimento, tribulação:
A triste revelação acarretou o agravamento de suas angústias.

4.
Hist. Filos. Segundo Kierkegaard (v. kierkegaardiano), determinação que revela a condição espiritual do homem, caso se manifeste psicologicamente de maneira ambígua e o desperte para a possibilidade de ser livre.
5.
Hist. Filos. Segundo Heidegger (v. heideggeriano), disposição afetiva pela qual se revela ao homem o nada absoluto sobre o qual se configura a existência (q. v.). [Cf. angustia, do v. angustiar.]



Cenas de aeroporto são sempre ricas em adrenalina. Partidas ou chegadas são sempre experiências memoráveis que marcam profundamente o viajante, ocasional ou não. Mas acho que o sentimento de angústia é o que mais se sobressai sobre os demais. Se deixamos alguém para trás, é a angústia do adeus ou do quando nos encontraremos novamente. Se somos deixados ali, a angústia se faz presente nos passos de retorno ao quotidiano preenchido pelo vazio daquele(a) que acabou de partir. Se recebemos alguém, a angústia é das portas automáticas que raramente nos mostram quem queremos ver, quando queremos! Mas para quem chega, bem, para quem chega é ainda mais sufocante este sentimento. Nos acompanha por todo o percurso. Da nossa partida, no check-in que demora, no detector de metais onde deixamos praticamente as calças (thanks Osama!), nas filas, atrasos, poltronas estreitas (sou classe média)... da decolagem...da aterrissagem!
Mas para quem viaja com uma certa frequência (ou não), é impossível não sentir maior angústia na espera maldita pela bagagem. Aquela esteira que não começa a rolar, e você ali sem saber se sua mala estará inteira, se estará... se será a primeira, ou a última, a chegar. Sim, acho que este é o momento de maior aflição, angústia, chamem como quiserem. E se você está com pressa então? Lei de Murphy com certeza! Enfim, depois que ela chega, a mala entendo, tudo ainda pode acontecer. Alfândega, controles, blá, blá, blá... e finalmente... os braços de quem amamos, admiramos, queremos bem. Ou ainda um cartazinho simpático com o nosso nome!
Aos poucos, ela vai se dissolvendo e transformando-se em uma pedaço de passado que só vale a pena tirar da bagagem quando a viagem termina.

Bom 2008 aos que me fizeram companhia nesta viagem internética. Que as vossas vidas possam ter um pouco de angústia de vez em quando para que não esqueçamos o sabor da serenidade!

terça-feira, janeiro 01, 2008

Moscas


Este blog está a mofar!!! Ninguém escreve, ninguém vê, ninguém deixa recado!
Meu Deus... que 2008 isso aqui possa bombar!
Estou postando da Holanda e desejo ao mundo inteiro muita paz, amor, saúde e dinheiro!
Obrigada pela companhia