quarta-feira, abril 25, 2007

Ouvir o silêncio

Já estava se repetindo com uma certa frequência, mas para mim parece sempre a primeira vez. As mãos tremem, a garganta seca. Sinto-me transpirar e o calor que meu corpo propaga chega-me ao rosto ateando fogo. E que sensação maravilhosa, o tal frio na boca do estômago. Ouço meu coração tocar tambores que ecoam dentro de mim, uma melodia intensa, tribal. Aos poucos, tento desacelerar meu ritmo com respirações mais profundas. Vou acalmando-me. Chego a quase certeza de controle quando o silêncio impõe sua presença e os múltiplos olhares doam-me a palavra. No início, tímida, gutural. Depois larga, densa, cheia da minha alma. E quando tudo termina, o inesperado. Uma senhora simpática, priva de visão, pede a palavra após as palmas e diz: "Menina, hoje aprendi consigo a ouvir o que diziam os teus silêncios. Obrigada!". E eu, ainda transtornada pelo turbilhão de palavras que profecei, sorri imensamente grata por ter alcançado além dos ouvidos das pessoas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Todos tremem nos momentos da espera da prova, de se meter em mostra, de se expor. O perigo é sempre de se fazer descobrir. Todos tremem. Aqueles que dizem que não, mentem. Mas no final, se vencemos o medo e nos mostramos, a recompensa vem. No teu caso de ontem, belissima. Parabéns.